domingo, 24 de agosto de 2014

Império Persa




     A unificação política do Planalto Iraniano e a criacão do Império Persa foi obra de Ciro, rei da Pérsia, que logrou anexar o Reino da Média (555 a.C.). Em seguida, Ciro derrotou Creso, rei da Lídia, e conquistou o Segundo Império Babilônico, permitindo que os hebreus retomassem à Palestina. Em seu reinado, procurou instaurar uma certa unidade econômica no império e tratou os povos submetidos com benevolência, deixando-os com seus próprios costumes, língua e tradição. Foi visto pelos hebreus como um libertador do jugo dos caldeus.

     Cambises, filho e sucessor de Ciro, conquistou o Egito na batalha de Pelusa (525 a.C.), vencendo o faraó Psamético III. Morreu quando se preparava para voltar à Pérsia, a fim de sufocar uma revolta.

A leste da Mesopotâmia, nas terras elevadas do Planalto iraniano, viviam medos e persas, povos de origem indo-européia que desenvolveram uma intensa atividade pastoril, devido à inexistência de grandes rios como o Tigre e o Eufrates. No início, houve a preponderância dos medos sobre os persas, quando Ciáxares construiu um poderoso reino. Com o declínio da hegemonia medá, Ciro, rei dos persas, uniu os dois povos e fundou o Império Persa, o maior até então organizado na Ásia Ocidental. Esse império desapareceu quando da expansão macedônica, comandada por Alexandre Magno. 


Mapa do Império Persa

    
     Em 522, Dario I subiu ao poder; com ele, o Império Persa atingiu o apogeu. Seus domínios estendiam-se desde a Trácia, na Europa, até a Ásia Central. Dano consolidou o despotismo real, dando à sua pessoa um caráter semi- divino. Dividiu o império em satrápias, cuja administração civil e militar era confiada aos nobres escolhidos; não obstante, tais sátrapas eram vigiados por funcionários reais (os “olhos e ouvidos do rei”), que percorriam as províncias fiscalizando a ação dos dirigentes. Houve estímulos ao comércio e o florescimento de várias capitais (Susa, Persépolis e Pasárgada), pois a Corte persa se deslocava periodicamente.


     Dario envolveu-se em uma disputa pela hegemonia comercial nos mares Egeu e Negro e, apoiado por seus aliados fenícios, deu início às Guerras Médicas, sendo derrotado pelos atenienses na batalha de Maratona.

      A derrocada do grande Império Persa teve início no reinado de Xerxes, que também foi derrotado pelos gregos (batalha de Salamina); o fim de sua independência política veio com a derrota e morte de Dano III ante a investida dos gregos e macedônios, comandados por Alexandre Magno.


-A economia e a sociedade persa

     
     O ambiente econômico do Império teve seu período de apogeu sob o reinado de Dario I, que procurou estimular o comércio e a agricultura. Com a introdução de um padrão monetário que ficou conhecido com o nome de dárico, cunhado em ouro ou prata, de peso fixo e com a efígie do rei (inovação trazida da Lídia), o comércio interno foi incrementado de maneira espetacular. A construção de estradas, bem como um eficiente policiamento efetuado por tropas reais, permitiram um tráfego maior de caravanas que demandavam a Mesopotâmia, provenientes dos confins da Ásia. Os correios reais facilitavam as comunicações e dizia-se que “na capital podia-se comer o peixe pescado no mar no mesmo dia”.


     O Império Persa nasceu do conflito entre as tribos pastoras e agricultoras. Quando o persa Ciro se impôs pela força, a nobreza agrária e guerreira também se sobrepôs. O povo, constituído de artesãos, agricultores e pastores, que podiam ser recrutados para a guerra, ocupava uma posição superior aos escravos.

     Entre os persas, o poder da camada sacerdotal era menor do que na maioria das civilizações da Antiguidade Oriental.



-A religião dualista dos persas


     Antes mesmo do processo de unificação dos persas, realizado por Ciro, um personagem semi- lendário deu aos persas uma forma peculiar de religião: o dualismo.

     Esse personagem, conhecido como Zoroastro ou Zaratustra, escreveu o Zend-Avesta, estabelecendo os princípios gerais da religião persa. Apesar de distorcido por seus seguidores, o zoroastrismo teve grande repercussão em certas regiões da Ásia e ainda é praticado, se bem que com modificações.

     Baseado na existência dos princípios opostos do bem (representado pelo deus Aura-Mazda) e do Imal (Ahriman), afirmava que ambos viviam em constante luta pelo controle das ações humanas. Os homens, agindo corretamente, estariam ajudando o bem a vencer o mal. Zoroastro previa que no final dos tempos Aura-Mazda venceria e os que ficassem ao lado do mal seriam destruídos.

     O dualismo persa acabou por influenciar o Cristianismo, no que tange à dicotomia entre Céu e Inferno. Previa a vinda de um Messias e se apresentava na condição de religião revelada. A religião persa sofreu influência da Mesopotâmia, acabando por adotar fórmulas de horóscopos e a predição do futuro através da posição dos astros. O culto de Mitra (auxiliar de Aura-Mazda) chegou a influenciar os próprios romanos, que o representavam pelo Sol.


-A cultura persa

     Os persas procuraram fora das suas fronteiras os elementos que marcaram suas construções. Influências egípcias e mesopotâmicas fizeram-se sentir na arquitetura e a esculturas persas e os restos de seus palácios evidenciam esse ecletismo cultural.

     Os palácios do Império Persa possuíam alicerces de pedra, vastos terraplanos, paredes de tijolos, colunas finas e elegantes, com capitéis esculpidos com cabeças de touro ou de cavalo. O teto era forrado com madeira pintada. Muros recobertos de baixos-relevos ou ladrilhos esmaltados caracterizam as principais construções existentes no Império Persa.

sábado, 23 de agosto de 2014

A Revolução Iraniana



     Em 1977, o xá iraniano Mohamed Reza Pahlevi passou a sofrer uma forte crise interna em seu país, em função de uma série de reformas por ele implantadas e não aceitas pela maioria de muçulmanos xiitas.

    O xá baseou seu poder no petróleo e estimulou a entrada de empresas transnacionais no Irã, entendendo a adoção de hábitos ocidentais como “modernização”. Essa ocidentalização acelerada produziu uma forte resistência do clero iraniano. Os grupos de oposição se multiplicaram e as manifestações que começaram nas escolas secundárias em 1977 se generalizaram em 1978.

     Os distúrbios foram evidentes, culminando com a fuga do xá para o exterior em janeiro de 1979. Ainda no final de janeiro de 1979 retorna do exílio o líder religioso aiatolá Ruhollah Khomeini, que anuncia a criação da República Islâmica do Irã em 10 de fevereiro.

     O consumo de álcool foi proibido, as mulheres foram obrigadas a cobrir o rosto em público (xador), filmes ocidentais foram banidos. Esse retorno obrigatório à doutrina e aos costumes originais e a busca de uma maior fidelidade aos textos sagrados, com o apoio do Estado, ficaram conhecidos como fundamentalismo islâmico.

     O fundamentalismo islâmico fortaleceu-se no Irã e visava expandir-se para outros países do Oriente Médio. Essa intenção gerou reações tanto de alguns países da região quanto das superpotências. Por outro lado, encontrou acolhida nas forças políticas que se opunham a governos pró-ocidentais e queriam fundar Estados guiados pelas leis islâmicas, principalmente a partir da década de 1990.

Comunismo


     O Comunismo é um sistema econômico que nega a propriedade privada dos meios de produção. Além disso, preconiza o fim da luta de classes e a construção de um regime político e econômico que possibilite o estabelecimento da igualdade e da justiça social entre os homens. Num sistema comunista os meios de produção são socializados, ou seja, a produção da sociedade é propriedade da mesma.


     Os filósofos alemães Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engels (1820-1895) são apontados como os precursores das formulações teóricas e doutrinárias do comunismo. Uma de suas principais obras fundadoras desta corrente política é “O Manifesto do Partido Comunista” .

     Historicamente, porém, as concepções e ideais de uma sociedade comunista remontam ao período da Antigüidade clássica, a partir do pensamento do filósofo grego Platão (428 ou 427 a.C.). Em um de seus livros mais importantes, intitulado “A República”, Platão concebe um modelo ideal de sociedade a partir da supressão da propriedade privada e da família.

     De acordo com Platão, o fim da propriedade privada levaria ao fim do conflito entre o Estado (concebido como a manifestação do interesse público) e cada cidadão em particular (concebidos como a manifestação dos interesses privados). A abolição do núcleo familiar, por sua vez, teria como resposta uma maior devoção ao bem público. Nos séculos seguintes (que abrangem os períodos da Idade Média e Moderna), a ideologia comunista sofreu constantes reformulações.

     Marx e Engels defendiam a abolição da propriedade privada, e a consequente orientação da economia de forma planeada, embora algumas vertentes do socialismo e do comunismo, chamadas de anarquistas, defendam um socialismo baseado na abolição do estado.

     

     A palavra comunismo apareceu pela primeira vez na imprensa em 1827, quando Robert Owen se referiu a socialistas e comunistas. Robert Owen foi o primeiro autor a considerar que o valor de uma mercadoria deve ser medido pelo trabalho a ela incorporado, e não pelo valor em dinheiro que lhe é atribuído. Segundo ele, os comunistas e socialistasconsideravam o capital comum mais benéfico do que o capital privado. Owen atacou violentamente o sistema de concorrência capitalista, e propôs a criação de comunidades cooperativas como alternativa. As palavras socialismo e comunismo, criadas por ele, foram usadas como sinônimos durante todo o século XIX.

     Do ponto de vista político e econômico, o comunismo seria a etapa final de um sistema que visa à igualdade social e à passagem do poder político e econômico para as mãos da classe trabalhadora. Para atingir este estágio, dever-se-ia passar pelo socialismo, uma fase de transição onde o poder estaria nas mãos de uma ditadura, que organizaria a sociedade rumo à igualdade plena, onde os trabalhadores seriam os dirigentes e o Estado não existiria.

Socialismo



     O socialismo refere-se a um modo de organização social criado no século XIX em oposição ao liberalismo e ao capitalismo. Naquela época, a realidade existente era a do trabalhador submisso, baixos salários e longas jornadas. Então, o socialismo propõe o extermínio da propriedade privada dos meios de produção, a tomada do poder por parte do proletariado, controle do Estado e divisão igualitária da renda, ou seja, proporcionar a todos um modo de vida mais justo.


     Apesar de terem sido originadas no século XIX, somente no século XX entraram em vigor. O primeiro país a implantar esse regime político foi a Rússia, a partir de 1917, quando ocorreu a Revolução Russa, momento em que o governo monarquista foi retirado do poder e instaurado o socialismo. Após a Segunda Guerra Mundial, esse regime foi introduzido em países do leste europeu, nesse mesmo momento outras nações aderiram ao socialismo em diferentes lugares do mundo, a China, Cuba, alguns países africanos e outros do sudeste asiático.

     No século XX, a idéia de socialismo proposta por Marx(um dos principais filósofos do movimento) ganhou força política. Todavia, em vários países do mundo onde isso ocorreu, houve divergências sobre a melhor forma de transformar o socialismo em realidade. Lênin, um dos líderes socialistas russos, sugeriu, a partir de 1917, uma revolução radical, que estabeleceria a “ditadura do proletariado”. Por outro lado, houve socialistas que discordavam de Lênin, pois queriam mudanças menos drásticas e defendiam outros modelos socialistas, como a social-democracia e até o nacional-socialismo, isto é, o nazismo.

     Assim, desde a Revolução Russa, em 1917, socialismo e comunismo passaram a representar duas coisas bem diferentes. O socialismo constituiu-se numa doutrina menos radical do que o comunismo, propondo uma reforma gradual da sociedade capitalista, de modo a chegar a um modelo em que exista equilíbrio entre o valor do capital e o do trabalho, para reduzir a distância entre ricos e pobres. O comunismo, ao contrário, defende o fim da ordem capitalista, através de uma revolução armada, almejando o fim da burguesia.



  • Nessa definição são inclusas muitas correntes ideológicas, como:
  • Socialismo Utópico
  • Social-democracia
  • Socialismo científico
  • Comunismo
  • Anarquismo

Capitalismo





     Já no século XV, o comércio era a principal atividade econômica na Europa. Assim, nesse período, ocapitalismo (mercantil ou comercial) estruturava-se definitivamente a partir da necessidade e do interesse dos países europeus ou algumas cidades européias em aumentar seu mercado para além dos limites nacionais e continentais.

     A ampliação do comércio internacional consolidou o sistema capitalista dentro de uma sociedade de classes, na qual, de um lado, surgia e se fortalecia uma burguesia mercantil que, em aliança com os reis, detinha o poder e a riqueza (capital), e, de outro lado, o proletariado que, separado do capital e de seus meios de produção, tinha a oferecer sua força de trabalho em troca de salário.

     O capitalismo se formou a partir da decadência do feudalismo; a servidão da gleba (obrigações feudais dos servos) foi substituída pelotrabalho assalariado, e a primazia dos senhores feudais coube então à burguesia mercantil e ao rei.

     Foram dois séculos de amadurecimento até a Revolução Industrial (1750). As inovações técnicas (maquino- faturas) aliadas às riquezas provenientes das áreas colonizadas acabaram por promover um acúmulo de capital e uma crescente expansão da economia.

     Surgiu, assim, a necessidade de garantir o fornecimento de matérias-primas, dominar os mercados consumidores e aplicar o capital de maneira segura, aumentando a capacidade de produzir e, conseqüentemente, os lucros. A riqueza provinha, então, da capacidade de produzir mercadorias e não mais do comércio.

     Assim, o capitalismo industrial provocou a disputa pelas áreas fornecedoras de matérias-primas, pelos mercados compradores e pelos locais de investimentos seguros, levando as grandes potências dos séculos XIX e XX (Inglaterra, França, Bélgica, Japão, EUA e tardiamente Itália e Alemanha) a competir pela dominação política e econômica do mundo (neocolonialismo) e pela partilha dos territórios asiáticos e africanos, de acordo com seus próprios interesses.

     O resultado da competição foi o imperialismo expresso pelo domínio econômico de uma nação sobre outra, na tentativa de manter o abastecimento de matérias-primas e os mercados consumidores, o que teve como conseqüências o militarismo, o nacionalismo, o racismo e a hierarquização das nações.

     A partir da Segunda Guerra Mundial, com as potências européias enfraquecidas e em crise, surgem os EUA como grandes investidores externos, graças ao acúmulo de capital e a seu crescente poder político-militar. O capitalismo entra em uma nova fase, financeira ou monopolista, com a expansão de grandes empresas (corporações multinacionais, hoje chamadas transnacionais), o incessante acúmulo de capitais em escala mundial, o monopólio e a internacionalização da produção, passando a ter como características marcantes:

  • aplicação dos principais investimentos na indústria e nos recursos naturais; 
  • distribuição da produção e dos lucros; 
  • nova divisão internacional do trabalho. 
  • propriedade privada ou particular dos meios de produção; 
  • trabalho assalariado; 
  • livre concorrência e livre iniciativa (economia de mercado); 
  • lucro como objetivo; 
  • presença de duas classes sociais: burguesia e proletariado.

domingo, 17 de agosto de 2014

Império Inca

   
Machu Picchu - Peru
 

     O Império Inca foi o maior que existiu na América do Sul. Por volta de 1500, reunia cerca de 15 milhões de pessoas. Era um império com várias cidades, ligadas por estradas que atravessavam difíceis locais. Nesses caminhos, havia postos de parada. Todas as estradas terminavam na capital, Cuzco, que significa "Umbigo do Mundo".

     Pesquisas indicam que os incas vieram possivelmente da Amazônia, e chegaram a região onde formaram Cuzco, por volta do século XIII d.C. Dominaram muitos povos, e assimilaram suas respectivas culturas, inclusive características de uma vida urbana.


      A força dos incas se relaciona à sua língua, o quéchua, levada aos povos dominados e ensinada aos seus chefes. Essa língua foi tão difundida que na atualidade milhões de pessoas a utilizam, sobretudo grupos indígenas do Peru, Bolívia, Equador, Chile, Colômbia e Argentina,áreas que o império inca alcançou.

     Os imperadores incas eram conhecidos como Inca, ou Sapa Inca, que significa "O Imperador Supremo". O soberano era considerando descendente do Sol Inti, o principal deus, e por isso governava como se ele mesmo fosse um tipo de deus. Era portanto uma teocracia.

     A família real, líderes militares e religiosos estavam abaixo do imperador, que tinha muito poder. Abaixo desses, estavam os governantes das quatro províncias que dividiam o império. Havia os chefes regionais, e depois deles os camponeses, que formavam a maioria da população, e pagavam impostos que poderiam ser muito pesados.

     Os incas não chegaram a produzir uma forma de escrita, mas usaram de forma sofisticada um sistema de números. Isso era necessário na administração de tantos territórios.

     Vários deuses eram adorados pelos incas,  sendo o Sol Inti o principal. Mas um território tão grande certamente teria muitas práticas religiosas, que assumiam aspectos diferentes em cada região. Muitos locais e objetos eram considerados sagrados, como  templos, pedras, túmulos de antepassados, colinas, fontes, nascentes, cavernas entre outros. Havia sacrifício aos deuses, geralmente animais, como a lhama. Mas havia também sacrifícios humanos.

     A agricultura era a principal atividade dos incas, e era desenvolvida principalmente nas montanhas. A maior quantidade possível de terra era utilizada para o cultivo, e isso pode ser visto a partir do terraços que eram feitos nas encostas . Algumas montanhas pareciam uma grande escada, onde produtos eram cultivados. No transporte, muitos utilizavam a lhama.

     Nas partes altas, cultivavam batata e outros produtos resistentes ao frio. Nas áreas intermediarias, cultivavam feijão e milho, base da alimentação dos incas. Nas terras mais baixas, cultivavam frutas, por exemplo. Para o cultivo, quando necessário, utilizavam canais para levar água suficiente.

     Os incas também foram destacados construtores, trabalhando com grandes blocos de pedra. Construíram palácios templos e fortalezas. Talvez a mais conhecida cidade inca seja Machu Pichu, abandonada no passado, mas redescoberta no século XX, em 1911.

     Assim como aconteceu com o astecas, o Império Inca foi dominado pelos espanhóis no início do século XVI. Embora fosse um grande império, não tinha uma forte unidade militar que pudesse unir toda sua população contra os europeus.

     Apesar disso, a cultura inca, além de vários outros povos dos Andes, foi mantida ao longo dos séculos. Basta visitar qualquer país andino para se perceber a presença da cultura indígena.    

Entenda o conflito entre Israel e Palestina



O que está acontecendo na Palestina e em Israel?

Já faz muitos anos que eles estão em conflito por causa da Faixa de Gaza, um território que fica entre o Egito e Israel. Pelo menos des
de o começo do século 20, quando a ideia de criar um estado judeu no Oriente Médio começou a ser colocada em prática. Dessa vez, a violência aumentou em 10 de junho, por causa do sequestro e assassinato de três estudantes que moravam em um assentamento israelense na Cisjordânia.

E quem fez isso?


Olha, essa questão é complicada. Israel afirma que foi o Hamas, um grupo islâmico que governa uma parte dos territórios palestinos. Mas o grupo não assumiu a autoria do crime. O site Vox (em inglês) publicou uma reportagem mostrando que ainda não há provas de que o Hamas matou os rapazes.

E é por isso que eles entraram em guerra?

Sim. Em retaliação a esse sequestro e assassinato, Israel tem lançado foguetes na Faixa de Gaza e na Cisjordânia. O governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu alega que está atacando bases de treinamento e alvos do Hamas. Mas o fato é que pessoas comuns, os chamados “civis” também estão sendo atingidos e morrendo. Em retaliação, o Hamas também tem lançado foguetes para atingir Israel.

O que é o Hamas?

É um partido político fundamentalista, que divide o governo dos territórios palestinos da Faixa de Gaza e Cisjordânia com outro partido, mais moderado, o Fatah. O Hamas é ligado a um grupo que existe em vários países, a Irmandade Muçulmana. Esse grupo já governou o Egito, por exemplo.

A Palestina é um país?

Não. A Palestina hoje é o agregado desses dois territórios, Gaza e Cisjordânia, e ela fica praticamente dentro de Israel. Os palestinos reivindicam que exista um país para eles, mas as correntes políticas conservadoras de Israel não gostam da ideia porque consideram que todo esse território deveria pertencer ao país judeu.

O que o Brasil tem a ver com a história? Vi que teve uma briga…

O que aconteceu foi o seguinte: o Brasil publicou uma declaração condenando Israel por “uso desproporcional da força” contra os palestinos e chamando de volta o nosso embaixador em Jerusalém. Chamar o embaixador de volta, no meio da diplomacia, tem um significado muito sério. Quer dizer que o Brasil está ameaçando romper as relações diplomáticas com Israel por causa desse conflito.

O pessoal de Israel xingou o Brasil, né?

Mais ou menos. Yigal Palmor, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Israel, disse que o Brasil ignora o direito do país judeu de se defender ao fazer o que fez. E chamou nosso país de “anão diplomático”. Ele ainda disse que “desproporcional” é perder de 7 a 1, numa referência à derrota do Brasil na Copa de 2014.

A religião tem alguma coisa a ver?

Tem a ver, mas não é a única explicação. Segundo o Vox (clique para ler), o motivo principal do conflito é o controle do território e a definição das fronteiras entre o que é de Israel e o que é da Palestina. É claro que isso entra no aspecto religioso. Por exemplo, a cidade de Jerusalém, um dos alvos da disputa, é sagrada tanto para os judeus, quanto para os muçulmanos.*

Mas ai, quem está certo?

Você vai me desculpar, mas eu não vou responder a essa pergunta. O que temos são os fatos: tem morrido muito mais gente na Palestina do que em Israel nessa guerra. A BBC diz que foram mais de mil Palestinos desde o dia 8 de julho, contra 42 israelenses. Existem muitas discussões a respeito dessa desproporção de forças entre Israel e Palestina, mas isso cabe aos especialistas dizer.

Divisão da Coréia (Resumo)




     A história da divisão das duas Coreias remonta ao fim da Segunda Guerra Mundial. Desde 1910, o território era ocupado pelos japoneses, que se renderam após a explosão das bombas atômicas. Com a derrota, a Coreia foi dividida entre soviéticos e americanos, exatamente no paralelo 38. A parte que ficava acima da linha imaginária ficou a cargo da União Soviética. Já os coreanos que viviam abaixo da linha passaram para as mãos dos norte-americanos. Em 1948, foram instaurados novos governos nos dois países. Porém, nenhum dos territórios estava feliz com a divisão e ambos queriam controle sobre o país. Em 1950, China e União Soviética ajudaram os norte-coreanos a invadir a Coreia do Sul. Tropas americanas enviaram socorro ao seu território de influência, dando início à Guerra da Coreia. O conflito durou até 1953, quando foi assinado um armistício.

O fim do domínio inglês na India

    
Gandhi, o líder da independência da India.


     A Revolta dos Cipaios, em 1858, colocou a Índia na esfera do domínio britânico, que culminou com a sagração da rainha Vitória como imperatriz dos indianos. 

     
     A dominação da Índia não foi uma tarefa difícil, pois a ausência de um governo centralizado, a diversidade de religiões e a existência de uma sociedade de castas facilitaram a penetração inglesa. 
     
     A partir da década de 1920, Mohandas Ghandi (O Mahatma) e Jawaharlal Nehru, por meio do Partido do Congresso, com apoio da burguesia, passaram a liderar o movimento de independência. 
     
     Ghandi pregava a desobediência civil e a não violência como meios de rejeitar a dominação inglesa, tendo se transformado na principal figura do movimento indiano pela independência. 
     
     A perda do poder econômico e militar pela Inglaterra após a Segunda Guerra Mundial retirou-Ihe as condições para continuar a dominação na Índia. 
     
     Em 1947, os ingleses reconheceram a independência indiana, que levou, em função das rivalidades religiosas, à formação da União Indiana, governada por Nehru, do Partido do Congresso, com maioria hinduísta, e do Paquistão (Ocidental e Oriental), governado por Ali Jinnah, da Liga Muçulmana, com maioria islâmica. O Ceilão também se tornava independente, passando a ilha a se denominar Sri-Lanka, com maioria budista. 
     
     A independência da Índia resultava de um longo processo de lutas nacionalistas, permeadas pelas divergências religiosas entre hinduístas e muçulmanos, que levou, em 1949, ao assassinato de Ghandi. 
     
     O Paquistão Oriental, em 1971, sob liderança da Liga Auami, separou-se do Paquistão Ocidental, constituindo a República de Bangladesh.

O Bloqueio de Berlim




     A Doutrina Truman inviabilizou o projeto de reunificação da Alemanha nos primeiros anos do pós-guerra. O Plano Marshall, visando reconstruir a economia de mercado nas zonas de ocupação das potências capitalistas, ameaçava desestabilizar o controle soviético do lado oriental do país.


     A resposta soviética não demorou. Uma série de pequenos incidentes entre EUA e URSS, como bloqueio de abastecimentos e de trânsito entre as áreas de controle, serviu para acirrar ainda mais as rivalidades.

     Na porção ocupada pelos exércitos inglês, francês e americano formou-se a República Federal Alemã. As reformas econômicas e a ajuda norte-americana propiciaram a reconstrução da economia alemã em bases capitalistas, permitindo que os grandes trustes alemães se recuperassem.

     Após a ocupação da sua zona, o exército soviético, procedeu a normalização política, permitindo a formação de vários partidos, iniciando a reforma agrária e nacionalizando os grandes monopólios alemães. Mas o acirramento das disputas entre os antigos aliados levou a URSS a atuar no sentido de favorecer uma solução socialista para a sua zona de ocupação.

     Berlim também foi divida em quatro zonas de ocupação após a guerra. Assim, mesmo se localizando na porção soviética, a cidade não poderia ser ocupada por nenhuma das potências vitoriosas. À medida que as relações entre os antigos aliados iam-se tornando tensas, a URSS pressionava para que o setor ocidental da cidade fosse abandonado pelas outras potências. Mas os soviéticos não conseguiram alcançar seu intento. Em 1961, os soviéticos construíram um muro dividindo a cidade, para impedir a evasão de mão de obra especializada da RDA (socialista) para a RFA (capitalista).


     Rota dos aviões aliados que chegavam à Berlim bloqueada pelos soviéticos trazendo suprimentos.

Doutrina Truman e Plano Marshall

     
Harry Truman - 33º presidente dos EUA


     Após a segunda Guerra Mundial, a expansão do socialismo ameaçava a domínio do capitalismo norte-americano. Em seu discurso, proferido em 12 de março de 1947,o presidente Harry Truman caracterizou o regime comunista como tirano e opressor do desenvolvimento da liberdade nos países europeus, e disse que os EUA  agiram contra o poder da União Soviética em impor o comunismo no continente fragilizado pela guerra.
     
     O discurso do presidente estadunidense determinava uma política especial, capaz de evitar o avanço do domínio da URSS. A proposta oferecia ajuda econômica aos países que mantivessem o capitalismo, não cedendo às pressões comunistas. A política sugerida passou a ser conhecida como "Doutrina Truman"

     Em junho do mesmo ano, os EUA formalizaram o compromisso em fornecer ajuda financeira na reconstrução dos países destruídos pela Segunda Guerra Mundial, conhecido como "Plano Marshal". Os países que se beneficiaram desse plano foram Alemanha Ocidental, França, Itália e outros que concordavam com a condição de fortalecer o capitalismo.

     O Plano Marshall se estendeu também a países asiáticos, como o Japão. Aniquilado pela bomba atômica lançada pelos EUA, foi reconstruído com empréstimos e investimentos propostos pelo programa estadunidense.

     A partir desse plano, o mundo se dividiu em dois blocos, o comunista ou socialista e o capitalista. Os termos comunismo e socialismo, embora sejam diferenciados filosoficamente, são utilizados como sinônimos quando se referem a regimes políticos adotados pelos países.

sábado, 16 de agosto de 2014

A Peste Negra


    


     Relatos bíblicos indicam que, desde a antiguidade, o Oriente Médio já sofria com essa doença mortal, cujo nome vem das bolhas escuras que faz surgir na pele. O célebre surto medieval da peste negra teria começado na China, em 1333, chegando à Europa em 1347. Alguns historiadores acreditam que o mal - causado pela bactéria Yersinia pestis e transmitido pelas pulgas dos ratos - pode ter penetrado no continente europeu por meio de uma verdadeira ação de guerra bacteriológica. Segundo eles, soldados turcos usaram catapultas para lançar cadáveres infectados dentro de um entreposto comercial genovês na Criméia (hoje parte da Rússia). Outra versão afirma que a doença desembarcou acidentalmente, com ratos vindos em navios procedentes da Turquia. O fato é que a doença logo se espalhou, a partir dos portos do Mar Mediterrâneo.
     

     "Em 1351, a peste já tinha varrido toda a Europa e estima-se que tenha matado, em apenas quatro anos, cerca de 25 milhões de pessoas - o equivalente a quase um terço da população européia na época", diz a historiadora Vera Machline, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Ela afirma ainda que ondas sucessivas de peste negra continuaram atingindo a Europa de tempos em tempos, até o século XVIII. Mesmo nos dias de hoje, ocorrem casos isolados de peste no Nordeste brasileiro, e em regiões da Índia e da África. Combatida, porém, com antibióticos, ela quase não mata mais.

Guerra Fria

 

    O pesadelo da Segunda Guerra, que assolou toda a Europa, chegou ao fim. No entanto, ao mesmo tempo em que as nações reconstruíam suas cidades e suas vidas, a ameaça de um novo conflito com armamentos nucleares ainda mais devastadores preocupava a Europa e o restante do planeta. 


     A União Soviética expandiu sua influência no Leste Europeu, na Ásia, África e até no continente americano, tornando-se uma grande potência que superou as divergências internas com um regime autoritário paralelo à ideologia de uma sociedade mais justa sem divisão de classes. Sua extensão territorial, incluindo as catorze republicas que foram anexadas a Rússia, atingia 22,5 milhões de km².



     Fortalecidos com o desfecho da Segunda Grande Guerra, os EUA desenvolveram, mais do que antes, um capitalismo agressivo, fundamentado no domínio da política internacional, impedindo por meios diversos o avanço do socialismo.



     Os antigos aliados se transformaram em rivais na luta pelo poder mundial.



     O que diferenciou a Guerra Fria de que qualquer outro conflito foi a ausência direta de confronto entre a União Soviética e os EUA. Um conflito dessa natureza foi resultado de inúmeros fotos políticos, o que dificulta a definição de uma data do seu inicio e término, havendo discordância entre os estudiosos do assunto. entretanto a Doutrina Truman, em 1947, e a queda do Muro de Berlim, em 1989, representaram marcos importantes para a delimitação do tempo de duração da Guerra Fria.   

Ascensão do Socialismo

   

Vladimir Ilitch Lênin, líder e fundador da URSS

     
     O Império Russo, no começo do século XX, apesar de sua grande extensão territorial, era considerada uma nação extremamente atrasada em relação a Europa. Sua população, com 80% constituída por camponeses, submetia-se aos senhores de terras  num sistema semifeudal, marcado pela pobreza e privações. O czar possuía poder absoluto, com o apoio da Igreja Ortodoxa Russa e dos nobres. 

     Com graves problemas sociais e fundamentada na teoria marxista do socialismo, durante a primeira guerra mundial, a Rússia enfrentou a revolução que a obrigou a retirar-se do conflito, perdendo parte dos territórios da Finlândia, Letônia, Lituânia, Estônia, Ucrânia e Polônia.

     Movida pelo descontentamento de grupos que não concordavam com a saída da Rússia do conflito, a guerra civil se prolongou até 1921. Neste período, Vladimir Ilitch Lênin, primeiro presidente da Rússia, adotou o comunismo de guerra, confiscando a produção agrícola e eliminando a economia de mercado, desaparecendo o uso de moedas. Com a revolta dos camponeses e a crise no abastecimento, houve uma abertura ao pequeno comércio e à pequena manufatura privada, que durou até 1928.

     A União da República Soviética Socialista Russa foi criada em 1918 por meio de uma constituição. Em 1923, outra constituição estabeleceu a União das Republicas Socialistas Soviéticas.

     Com a morte de Lênin, em 1924, a URSS passou a ser governada por Stálin até 1953. Nesse período, a União Soviética investiu em industrialização, especialmente na siderurgia e na maquinaria. No campo a produção se desenvolveu com base em dois tipos de trabalho: coletivo - os sovkhoses, que eram cooperativas.

     O poder político foi centralizado no Partido Comunista da União Soviética, PCUS. Os opositores ou cidadãos comuns, que representavam alguma ameaça ao sistema, eram exilados, aprisionados em regiões isoladas, como a Sibéria, ou executados.

     Embora o apoio aos partidos comunistas internacionais tenha provocado certa preocupação entre as potências, o socialismo soviético conviveu relativamente em paz com a Europa e com o mundo até a Segunda Guerra Mundial.    

O Assalto à Moncada em 1953


     Às 5h15 da manhã do dia 26 de julho de 1963 – carnaval em Santiago de Cuba é sempre no fim de julho – as portas dos galinheiros foram abertas e deixaram sair os automóveis. Começava o grande golpe.

     A idéia era nada menos que tomar o quartel de Moncada, através de sua porta número 3, invadir o paiol de armas e munições, distribuir fuzis pelas ruas para que a população se juntasse aos rebeldes e, claro, começar um movimento insurrecional que culminasse com a derrota do ditador de então, Fulgêncio Batista.

     Nada – ou quase nada – deu certo. Um grupo, liderado por Raúl Castro e integrado por dez homens, ocupou um prédio vizinho, o palácio da Justiça. Outro, liderado por Abel Santamaria e integrado por 21 homens, ocupou o hospital militar – outro prédio vizinho, de cujo quintal e das janelas pensava-se dar cobertura ao terceiro grupo. Finalmente, este grupo era comandado pelo líder máximo de todo o golpe, um jovem e fogoso advogado chamado Fidel Castro. Justamente com esse grupo começou o desastre.

     Para começar, seus 95 homens foram divididos em uma vanguarda de oito, comandada pelo próprio Fidel Castro, um segundo grupo de 45, armados com espingardas calibre 22 e a única metralhadora disponível, e os 42 restantes formariam a "reserva de combate" e tinham fuzis de calibre mais significativo.

     Ao aproximar-se da entrada do portão numero três, o Buick verde que levava Fidel Castro foi deitado por um jipe militar. Começou o tiroteio, e a partir daí foi tudo rápido demais para que alguém pudesse entender exatamente o que estava acontecendo: do palácio da Justiça e do hospital militar disparavam sobre o quartel, Fidel e seus oito homens se enfrentavam com os homens do jipe, e do que se supunha ser o paiol de armas e munições saíram soldados atarantados. O combate foi curto. Uma metralhadora calibre 30, colocada no meio do enorme gramado do quartel, varreu esperanças finais. Quando Fidel ordenou a retirada, percebeu que sua força de reserva estava perdida: haviam tomado ruas erradas. Para o fim das desgraças, os quatro homens que chegaram a entrar no paiol não encontraram nada além de 50 soldados que dormiam e tinham sido acordados com o tiroteio: como era carnaval, o paiol tinha sido transferido para outro lugar e ali dormiam soldados de folga que tinham estado na farra até poucas horas antes. 

A Revolução Cubana

   
   

     Cuba foi a última colônia americana a libertar-se do domínio da metrópole. Sua independência foi obtida após a guerra hispano-americana. O envolvimento dos EUA no conflito com a Espanha foi a única alternativa encontrada pelos norte-americanos, há muito tempo interessados na produção de açúcar e nas minas cubanas. Antes da guerra contra a Espanha, os EUA chegaram a querer comprar a ilha de Cuba, mas os espanhóis recusaram.
    
      Após a libertação da ilha, os norte-americanos governaram por três anos a nova República das Antilhas. Em 1902, a Emenda Platt, inserida na Constituição cubana, assegurava aos Estados Unidos o direito de intervir militarmente no país para garantir sua independência. Em 1903, o governo cubano arrendou aos Estados Unidos a base militar de Guantánamo. A partir daí, não foram poucas as intervenções de fuzileiros americanos para garantir a ordem em território cubano. Durante as primeiras décadas do século XX, a participação direta dos Estados Unidos na vida econômica de Cuba, com investimentos na modernização da produção açucareira, por exemplo, desnacionalizou a economia cubana, tornando a ilha uma moderna feitoria agroindustrial. Com os problemas nacionais, decorrentes da dependência externa, a miséria no campo e a insatisfação social, cresceu o sentimento anti-imperialista e nacionalista, reprimido duramente pelo governo controlado pelos Estados Unidos.
     
     Entre as classes sociais as disparidades eram gritantes. De um lado, uma pequena elite permanecia encastelada e servindo aos interessas do capitalismo norte-americano - que somente entre 1946 e 1958 investiram 80.000.000 de dólares na ilha.
     
     As camadas pobres apresentavam-se como o grupo mais próximo da defesa de um sentimento de nacionalismo, pois a emergência dessa camada deu-se com a penetração de capitais estrangeiros que transformaram os camponeses em trabalhadores assalariados rurais - fato que destoa do restante da história latino-americana, onde esse tipo social surgiu posteriormente ao advento dos Estados nacionais.
     
     Enquanto os trabalhadores rurais da América Latina passavam pelas mãos dos caudilhos, os trabalhadores cubanos conheciam diretamente o poder do capital monopolista norte-americano - que na década de 1950 controlava 40% da produção açucareira. Fato importante a ser destacado com relação a Cuba é que a maioria dos trabalhadores eram rurais e não urbano-industriais, pois a industrialização não foi priorizada pelos investidores estrangeiros.
     
     Os efeitos do imperialismo recaíam sobre esse numeroso grupo, que sofria desde o desemprego até a exploração brutal da força de trabalho, mas que sustentava uma posição política contrária à situação pela qual estava passando.
     
     A classe média encontrava-se dividida entre os apoiadores da elite e os intelectuais sensíveis aos protestos. Comportava-se como um grupo extremamente heterogêneo e desarticulado internamente, sem oferecer um projeto político para Cuba.
     
     Em 1925, subiu ao poder o ditador Gerardo Machado, que, não resistindo aos efeitos da crise de 1929, foi derrubado em 1933 por um movimento popular liderado por Ramón Grau de San Martin.
     
     Em 1934 surge na política cubana a figura de Fulgêncio Batista, um sargento do Exército, que marcará a história cubana por ter se tornado várias vezes "presidente" do país. O período de governo de Fulgênio Batista estendeu-se de 1934 até 1959. Somente foi interrompido entre 1944 e 1952, quando o Partido dos Autênticos elegeu Ramón Grau de San Martin e seguido a esse, em 1948, foi eleito Pio Socarrás, deposto pelo próprio Fulgênio Batista.
     
     A partir desse período, a tendência foi de aprofundamento da dominação norte-americana sobre Cuba, que é descrita como sendo esse momento o "bordel" dos Estados Unidos.
     
     O ano de 1953 marca-se de importância para Cuba, pois o movimento estudantil passa a promover manifestações contra o governo de Fulgênio Batista.
     
     Em 26 de julho desse ano, Fidel Castro - um advogado e membro do Partido Ortodoxo - liderou um ataque ao quartel de Moncada. Frustada a tentativa, os rebeldes foram para a prisão e, em maio de 1955, depois de anistiados, foram para o exílio no México.
     
     Fora de Cuba, Fidel e Raul Castro e médico argentino Ernesto "Che" Guevara organizaram o movimento 26 de julho, com o claro objetivo de voltar a Cuba a derrubar a ditadura de Batista.
     
     O desembarque dos revolucionários do iate Granma estava sendo esperado pelas tropas de Fulgênio Batista e marcou-se por uma sangrenta luta que levou à morte a maior parte dos integrantes do movimento.
     
     Fidel, Raul e "Che" conseguiram chegar à Sierra Maestra, de onde passaram a organizar os camponeses para a luta armada. Ao mesmo tempo, os rebeldes buscavam o apoio de setores da burguesia contrário à ditadura de Fulgêncio Batista e que acreditavam em um projeto nacionalista para Cuba, dentro do respeito à propriedade privada. Era assinado, então, o Manifesto de Sierra Maestra, que no ano seguinte, 1958, foi ampliado pela formação da Frente Cívico-Revolucionária Democrática, no qual a burguesia cubana concordava com a luta armada para depor Fulgêncio Batista.
     
     Em outubro de 1958 teve início a "Marcha sobre Havana", que cai em mãos dos rebeldes em janeiro de 1959.
     
     Com a fuga do ditador, montou-se o Governo Provisório, tendo à frente o presidente Manuel Urrutia e o primeiro-ministro Miró Cardona, que no início era apenas reformista.
     
     São nacionalizadas empresas norte-americanas de petróleo e transporte, reformuladas as políticas de educação e saúde pública, suprimidos os latifúndios e realizada a reforma agrária.
     
     A tensão entre a burguesia e as camadas populares se ampliam na medida em que essas consideravam as reformas precárias em relação às suas necessidades. Logo, o primeiro-ministro Miró Cardon é substituído por Fidel Castro, o que levou à preponderância dos anseios populares.
     
     As medidas reformistas foram suficientes para provocar o descontentamento norte-americano, que foi impondo uma série de medidas restritivas - como por exemplo o boicote ao açúcar e a tentativa de invasão ao território cubano em apoio aos anticastristas, no malogrado desembarque à Baía dos Porcos.
     
     As pressões norte-americanas, em meio à Guerra Fria, culminaram com a expulsão de Cuba da OEA, em 1962. Desse episódio, a URSS aproveita-se para enfraquecer as posições dos Estados Unidos e prometem instalar uma base de mísseis em Cuba, gerando um dos episódios mais tensos da Guerra Fria, quando navios americanos impedem a frota russa de chegar à ilha, em outubro de 1962.
     
     Em troca de pretensa paz mundial, Estados Unidos e URSS assinam um acordo em que a URSS se compromete a não instalar bases de mísseis em Cuba e os Estados Unidos a não tentar invadir novamente a ilha.


     A partir de então, cuba passa a vivenciar a primeira experiência socialista da América Latina. Em 1963, foi criado o Partido Unificado da Revolução Socialista que, em 1965, foi substituído pelo Partido Comunista Cubano.